segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Nem choro, nem vela!

Por Rachel Bassan

Se você tivesse que optar, o que escolheria? Um amigo para as horas muito difíceis ou para um chopinho de comemoração, uma taça de champagne para uma super celebração de uma vitória alcançada? Aposto que falou pra horas difíceis. Pois deixe de ser bobo. Resguarde-se e abra os olhos. Minha estatística particular e de observação livre me garante que, infelizmente, os amigos curtem a sua desgraça e invejam o seu sucesso. Isto trocado em miúdos quer dizer que você vai ter muitos, inúmeros amigos ao seu lado para lhe consolar na hora do câncer e da desgraça e possivelmente um punhado de dois ou três para celebrar o seu sucesso verdadeiramente. Você acha que eu estou falando droga? Coisa nenhuma! O ser humano é assim mesmo. Não agüenta ver genuinamente ninguém feliz. Aposto que nem você. E não vá me dizendo que você não é assim. Todo mundo é! Faz parte da condição humana. O que varia é o grau de consciência que se tem deste sentimento horroroso porém humano. Quando a gente entende essa sensação, trabalha-se emocionalmente esta questão e transformamos este sentimento ruim em positivo. É muito interessante como a coisa funciona. Quando você está no fundo do poço, quando tudo parece que deu errado e não tem mais pra onde cair, tem um montão de gente te apoiando, sendo solidário de verdade. É, pode acreditar, é de verdade mesmo, pois isto traz tanto prazer que a criatura está lá verdadeiramente pra te apoiar. Agora... isto sim, é complicado - imagine que você recebeu uma importante promoção no trabalho, ou conseguiu trocar de carro para um modelo fantástico, ou mudou para uma casa maravilhosa. Aí, meu caro leitor, se prepare. Eu posso afiançar que até perder amigo você vai sem ter tido qualquer culpa no cartório. Pelo simples motivo que você “ousou” ter mais do que lhe era “permitido”. Tem gente que usa até sal grosso e figa da Bahia para se proteger. Já vi de tudo um pouco. Mas, o que realmente funciona é... não sei! O que se pode fazer é pensar a respeito, mergulhar dentro de si sem censura e defrontar-se com o diabinho que se esconde lá dentro e transforma-lo num ser mais amável e mais humano. Está na hora da gente começar a mudar a partir da gente. Poder fazer verdadeiramente pelo outro o que espera que os outros façam por nós. Poder curtir, compartilhar, vibrar. Eu bem que troco os meus amigos de desgraça por amigos que me ajudem a driblar muita bolinha de champagne.
E você - não?

2 comentários:

Ana Lúcia Prôa disse...

Tô contigo e não abro! Rumo às bolinhas de champanhe!

Engraçado que vc me fez pensar com sua crônica... Sou uma pessoa bastante solidária: se vejo alguém sofrendo, procuro estar junto. Vou seguir o seu conselho e procurar as pessoas, também e principalmente, nas horas de alegria!!!!!

Porém, veja só: já reparou que pessoas muito felizes se tornam egoístas? Se compram o carrão novo, dificilmente te chamam pra dar uma volta. Se recebem a promoção, ficam caladinhas pra vc não pedir um empréstimo ou favores na empresa. Se vão fazer uma megaviagem, tb não contam nada, com medo de alguém botar olho grande (até mesmo os amigos...). Pô, mas se estão na pior, aí te procuram...

Portanto, creio que há dois lados de uma mesma moeda.

Enquanto isso, a gente faz a nossa parte: procurar estar com as pessoas queridas EM TODOS OS MOMENTOS!

Beijos,

Ana Prôa

Fabio Bastos disse...

Uma boa crônica, mais uma no estilo Marta Medeiros. O texto está bem escrito e flui bem. Não concordo porém com o seu ponto de vista. Acredito que os homens são mais sinceros nas suas amizades. Pode existir olho grande, mas em intensidade menor do que nas mulheres.