sexta-feira, 30 de maio de 2008

Aprendendo com Sergio Malandro

Fernando Goldman
Muita gente me questiona quanto a minha insistência em discutir o caso Isabella. A maioria acha muito estranho eu não ter a mais absoluta certeza da fácil solução da culpa do casal pai/madrasta. Pois eu mesmo já começava a me perguntar se não seria mais fácil eu ceder e aceitar como natural a possibilidade de um pai jogar a filha pela janela. Afinal, o que custa me juntar à quase unanimidade.
Aquela história do Nelson Rodrigues de que “toda unanimidade é burra”, já deve ter caducado.
Foi quando meu hábito de deixar a televisão ligada e ir fazer outras coisas, me propiciou a oportunidade de assistir uma participação do Sergio Malandro em um programa de entrevistas.
De uma forma meio transversa, aquele interessante artista me mostrou o por quê de tanta raiva por parte de uma parcela tão significativa da população.
No meio de uma de suas falas meio “nonsense”, ele citou como exemplo de algo que todo mundo tem certeza o fato de Isabella ter sido assassinada pelo pai e pela madrasta. E a explicação de tal certeza é tão evidente, que estranho mesmo era eu ainda não ter percebido.
Disse o grande pensador, em sua certeza, não poder haver evidência maior de culpa, que o fato de uma vez acusados de assassinos, ambos, ao invés de gritarem, espernearem, se descabelarem e outras esperadas ações, tenham simplesmente decidido escrever, cada um deles, uma carta.
É verdade! Isso não havia ainda chamado minha atenção. Como alguém acusado de um crime tão bárbaro, é capaz de parar para colocar tudo que está sentindo no papel? Que tipo de gente é essa, que em estado de profunda emoção recorre a papel e tinta para tentar se expressar?
Talvez se tivessem enviado um Power Point à imprensa ou, melhor ainda, por e-mail, não importa a quem, tivessem colhido a solidariedade de muita gente. Com uma carta, manuscrita, não há realmente chance para eles.
Vou parando por aqui, porque com essa história de ficar registrando minhas opiniões por escrito, vou acabar sendo acusado de algum crime também.

domingo, 25 de maio de 2008

Os óculos do poeta


Fabio Bastos

Sou um caçador de notícias que possam render uma boa crônica e nesta semana me chamou a atenção o roubo dos óculos da estátua do Carlos Drummond de Andrade. Pelo que li no jornal foi a terceira vez que roubaram, basta reporem a peça que alguém vai lá e a surrupia.
O que não consigo entender é para que servem uns óculos de estátua? Talvez seja um fã roubando para ter uma recordação do ídolo, ou um ato de puro vandalismo, mas por que cismaram justamente com os óculos do poeta?
Abro aqui um parágrafo para lucubrar um pouco sobre a palavra óculos. Apesar de se tratar de um objeto único o vocábulo se refere a um par de óculos, ou simplificando óculos, e por isso a palavra pede o plural. Esclarecida essa curiosidade lingüística, fecho o parágrafo e volto para Drummond e seu infortúnio.
Como se não bastasse servir de banheiro para pombos e ficar exposto às intempéries, sem óculos nosso poeta fica privado de enxergar o que se passa ao seu redor. É mais uma maldade que se faz com tão ilustre personagem. A primeira foi colocar sua estátua virada para os edifícios. Tenho certeza que se pudesse escolher esse mineiro de Itabira iria preferir se sentar apreciando o marzão e mulheres de biquíni na areia. Encontraria com mais facilidade inspiração para seus poemas e crônicas.
Mas voltando à pergunta inicial: por que roubaram os óculos do poeta? Quem rouba alguma coisa o faz com uma finalidade, mas nesse caso não consigo entender o motivo. Houve uma época em que foi moda roubar escudos de carros. Não havia um fusca na cidade com o escudo com o logotipo da fábrica. Os jovens roubavam para usar como enfeite nos fichários. Não deixava de ser um ato ilegal e deplorável, mas com uma finalidade. Já os óculos de bronze de uma estátua não servem para nada.
Se ao menos tivessem o poder de transferir a quem os usasse a visão do mundo e a genialidade do poeta o roubo teria uma justificativa. O privilegiado que usasse os óculos poderia dar continuidade à obra do artista.
Só me resta dar uma sugestão ao ladrão. Que guarde os óculos com cuidado para colocar na estátua do presidente Lula, que certamente algum dia vai ter uma, se é que já não tem. Pode ser que com os óculos do Drummond a estátua enxergue o que o ser humano não consegue enxergar.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Enquanto a Roleta Roda

O jogo de Roleta sempre foi meu preferido nos cassinos internacionais. Trata-se de uma mesa verde com uma roda roleta e um display de números em cores alternadas entre vermelho e preto. Neste display se colocam as fichas, ou apostas. Também pode se escolher apostar somente nas duas cores. Uma vez as fichas postas na mesa o “Crupier”, (cara que põe a bolinha na roleta) bota pra rolar. Fortunas se fazem ou desfazem na roda, e tudo pode mudar de uma hora pra outra. Mas a roda é mais que um jogo. É uma metáfora para a economia mundial. Digamos que cada apostador seja um país, e cada numero da mesa também. Podemos também ir um pouco mais longe e pensar nas duas cores da mesa como economias centralizadas(controlada pelo governo), e economias de mercado(de livre iniciativa). Nesta mesa, tradicionalmente, cada país apostava pesado em si mesmo, eventualmente colocando algumas fichas em outro numero, nunca em outra cor. O esforço de cada pais servia como lucro primeiramente dele mesmo. Mas a roleta rodou. E a partir de algumas décadas atrás, esta dinâmica mudou por completo. Na economia moderna os apostadores jogam cada vez mais em outros números. Apesar de cor, procuram visar o lucro potencial. Alguns jogadores apostam em quase todos, estes chamaremos de superjogadores. Nesta metáfora a bolinha seria, claro, o tempo. E com este tempo é que vemos as apostas renderem, ou não. Eventualmente, os superapostadores têm que impor estrategicamente uma cor sobre algum numero, devido ao potencial de lucro. Mas os maiores conflitos de interesse não se encontram entre as duas cores, pois buscam objectivos diferentes, mas sim entre os números de cores similares. Dizem que ganhamos um grau de investimento. O que isso significa na realidade? Em nossa metáfora seria o equivalente a uma reputação dada a um numero significando que apostar nele é confiável. Mas como que o mesmo pais que foi votado entre os dez piores lugares do mundo para se conduzir negócios pelo ranking do Banco Mundial em 2007, pode merecer agora tal aprovação na área de investimentos? Parece estranho? E é. Chega de metáforas! A verdade é que o grau de investimento concedido ao Brasil, não é um aplauso mundial à nossa economia. Se trata de uma maneira dos superapostadores conseguirem liberar fundos para investirem aqui no Brasil. Por se tratar de um país emergente, o retorno pode ser bom. (É meus caros "país emergente" nada mais é que uma maneira bonita de dizer que não tem nada) E já que nosso próprio numero se ignorou por tanto tempo, tem tudo pra fazer aqui. E ai, o que isso significa para o Brasil? Investimento positivo? Talvez, mas imagina o que ganharíamos se o investimento fosse feita por companhias nacionais que pagariam impostos aqui. E enquanto a roleta roda e os apostadores procuram cada vez mais o lucro internacional, onde esta nosso apostador? Infelizmente, no outro lado da mesa sozinho, apostando no dólar.

terça-feira, 20 de maio de 2008

A PITADA DE INVEJA

A PITADA DE INVEJA



Perdemos Zélia Gattai.

Considerando o ciclo natural da vida, a morte de um “imortal” não chega a ser uma coisa muito surpreendente. Afinal, a turma do fardão, em sua grande maioria, é composta de literatos de idade avançada e, portanto, não é de se estranhar a partida desses nossos heróis. Até porque, o ingresso na ABL exige, além da comprovada competência, uma bagagem significativa de trabalho. E isso leva tempo.

Mas quero falar de Zélia.

Não da Zélia que durante uma vida se dedicou a falar de Jorge Amado. Bajular e badalar Jorge. A prioridade sempre foi promover Jorge. Não tinha a menor importância colocar-se num segundo plano, fora de cena, aparentando submissão e falta de opinião, o que não era o caso. Usava a serenidade e a doçura de sua voz como meio para elevar o nome de Jorge.

Não da Zélia, mulher, mãe e dona-de-casa, que não se cansava e não perdia oportunidades para falar da Bahia, de sua casa, do marido Jorge e de suas performances pessoais e profissionais e, de reboque, dos filhos Paloma e João Jorge.

Não da Zélia, militante política, de fantástica memória e inesgotável contadora de histórias.

Nada disso. Quero falar da Zélia, a descobridora de meu talento. Me desculpem a presunção, mas que se dane a modéstia.

Desde cedo, gostei de ler e escrever. Um cacoete tal e qual qualquer outro. O tempo passava e eu lia, escrevia, não gostava e, logo, logo, produzia dezenas de bolinhas de papel cujo destino era as latas de lixo. Até que, por volta de 1980, caiu em minhas mãos o livro “Anarquistas, graças a Deus”, da Zélia. Os acontecimentos que povoaram sua infância junto aos pais imigrantes italianos, fascinaram-me. Talvez, não tanto pela essência da história em si. Fiquei impressionado pela forma de narrar: simples, direta, sem rodeios ou sofisticações. Era como se estivéssemos, eu e ela, tomando água de coco e conversando num final de tarde na varanda da casa do Rio Vermelho. A conversa, ou melhor, a leitura fluía, banal, gostosa, natural, sem nenhuma necessidade de interrupções “para entender o que ela quis dizer”. Com aquele trabalho, Zélia iniciava sua carreira de escritora, já com mais de sessenta anos. Foi quando senti a tal pitada de inveja. Era assim, exatamente daquele jeito que eu queria escrever.

Finda a leitura, pensei: “Então é possível se escrever como se fala, sem circunlóquios (ela jamais usaria essa palavra), sem frases que suscitem dúvidas de interpretação, enfim, escrever como a Zélia escreve ?!...”

Minha cara Ana Proa, oficineira das melhores, tinha eu naquela época, mais ou menos a sua idade. Naquele dia, fiquei convencido (hummm ! esta expressão me lembra alguém!..) de que também era capaz. No meu caso, queria escrever pelo prazer de escrever, “sem fins lucrativos”. Esse era o meu horizonte.

Se um dia eu for entrevistado no Programa do Jô, direi com o maior prazer que “foi Zélia quem impulsionou minha carreira”. É assim que as celebridades falam.

E Zélia partiu.

Em minha estante, seus livros, agora mais do que nunca, continuarão em lugar de destaque, junto a Machado, Sabino, Nelson, Veríssimo e Novaes (puxada maior, impossível !!). Gosto de todos, mas a ela dispenso um carinho especial pelo bem que ela me fez e continua fazendo.

Fico imaginando como seria bom ler uma crônica de Zélia falando das coisas do Céu. Talvez dissesse, com a maior simplicidade do (outro) mundo: “São Pedro acabou de passar por aqui. Achei ele bem mais magro do que a imagem que eu tinha lá em casa. Mas podem ter certeza: a simpatia é a mesma !”



CARLOS MELO
Maio de 2008

domingo, 11 de maio de 2008

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Tribo TÓNEMAÍ

Pedro Widmar
Recentemente tem aparecido nas paginas dos diários, a Reserva Ianomâmi. Trata se de uma área de 97 km2 demarcada para uso exclusivo, dos ianomâmi (cerca de 3 mil pessoas) , e de acesso impedido à Policia Federal ou as forcas armadas. Estranho? Isso mesmo.
Mas enquanto em uma parte do continente um governo cede terra em quantidades abundantes para uso exclusivo de uma pequena parte de seus sujeitos, em outra, os cidadãos brigam pela separação efetuando até referendos para o direito de se organizar independentemente. (referendo de Santa Cruz de la Sierra)
O fato é que na Bolívia, foi votado recentemente se o estado de Santa Cruz deveria ou não ser autônomo até certo ponto. Basicamente, uma maioria do estado se organizou (isso mesmo gente acontece), e em uma forma de protesto ao Governo federal de Evo Morales, votou se queria continuar sobre o domínio do país. Mas por que esta longa historia de dominio de terra e independência? Bom, depois de ler o jornal do domingo e ver todas as acusações de improbidade e corrupção pensei, “Ora bolas, então deveríamos fazer isto aqui.”
Talvez o estado inteiro é ambicioso demais, mas pelo menos a cidade do Rio. Imagina só. Uma reserva independente do resto do pais! Seriamos do tamanho de Mônaco, ou Liechtenstein, um mero caroço de azeitona na grande pizza que é o Brasil.
Os bolivianos de Santa Cruz acreditam que com a autonomia vão conseguir se administrar de forma mais rápida e eficaz, pois não terão que esperar o governo para pagar seus empregados, ou contratar e aprovar obras. Parece o tipo de solução ideal para um estado que tem 90% da riqueza e ainda caminha como uma economia de quinto mundo. É justamente neste contexto que argumento uma divisão entre nossa cidade e o Brasil.
O único problema agora é como efetuar um voto. O Rio não se reúne nem para manifestar contra o direito de se manifestar! Exemplo: Marcha da Maconha, onde os direitos mais democráticos que temos (de manifestação) foram completamente esculachados, sem a mínima reação do povo.
Mas será mesmo que precisamos de um voto? Perai, a única coisa que precisamos é de uma tribo de índios e o governo nos cederia a terra gratuitamente! Isso mesmo, mas onde encontrar índios aqui? Talvez nem precisamos. Para muitos a tribo dos ianomâmis nem existe, especialmente já que nenhum dos índios assentados na reserva se chama de ianomâmi, e de fato pertencem a quatro ou mais tribos diferentes. Então, esta decidido, meus caros cariocas, se alguém te perguntar, você não é mais negro, branco, ou europeu. Só precisamos fingir um pouco. Daqui em diante somos todos da tribo TÔNEMAÍ. Inventei agora mesmo. A tribo TÔNEMAÍ: unidos para um Rio de Janeiro independente.

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Recentemente o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, sugeriu que se cortássemos o leite e feijão das estatísticas a previsão de inflação do Brasil abaixaria ,6%. Como se o café com leite de manha e o feijão de almoço fossem itens dispensáveis à cultura brasileira. Não sei não, acho que precisamos mesmo é cortar a Mantega.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

A Roda de Samsara

Therezinha Mello

Deixei a palestra do conhecido fotógrafo Walter Firmo, lembrando dos ensinamentos orientais sobre a Roda de Samsara. Uma espécie de representação do giro incessante da vida, proporcionando-nos evoluções permanentes, mas sempre nos fazendo retomar um ponto de partida, para novamente continuar, continuar e continuar.

Quem conhece o Walter sabe que é um excelente contador de estórias. E foi assim, como se estivéssemos em sua sala de estar tomando um uisquinho, que nos pusemos a ouvi-lo falar de si com simplicidade e a observar os detalhes de suas fotos com especial interesse. Seu anfitrião era um colega de profissão, jovem e talentoso, que organizava o evento, homenageando o mestre pelos cinqüenta anos de trabalho.

Firmo chegou com a espontaneidade que é a sua marca, aliada a um tipo de boné, em tecido xadrez, que lhe conferia um aspecto blasé personalíssimo. Ele costuma usar, também, um tradicional e elegante panamá, que, provavelmente, naquele dia, não combinou com seu estado de espírito. Adquirira o hábito dos chapéus com o pai e, cultivar seu uso, acaba sendo para ele uma forma singela de lembrar o velho José Baptista, mantendo-o vivo de alguma forma.

A seqüência das fotografias foi aos poucos revelando o artista que já nele existia desde a infância. A atividade permitiu-lhe canalizar um verdadeiro mar de sensibilidade e gosto, na direção de suas lentes. Esse foi o jeito casual que adotou para enxergar a vida, por muito tempo apenas em tons de preto e cinza, contrastando com o branco. A cor veio depois, como uma nova descoberta.

Raízes de árvores centenárias confundindo-se com um corpo humano. Rostos variados, exibindo especialmente nuances da pela negra. Flagrantes de fé em mãos calejadas, saias de algodão ao vento, luz e sombra em aparente casualidade. Assistíamos ao suceder das imagens, impressionados com o que de humano entranhava-se em cada uma delas. Tocávamos peles, ouvíamos lamentos e orações, sentíamos o cheiro bom daqueles ambientes tão simples e tão contundentes ao mesmo tempo. Saboreávamos, com prazer, aqueles deliciosos instantâneos com jeito de eterno.

Quando falou de sua juventude Firmo lembrou o dia em que, rapazote ainda, com apenas dezoito anos, o jornalista Samuel Wainer, na redação do jornal Última Hora, convidou-o para sentar-se à beira de sua mesa durante uma reunião informal. Aquele simples gesto de companheirismo e espontaneidade lhe ficara na memória como um motivo de orgulho para o então iniciante profissional.

Terminada a exposição o jovem fotógrafo que conduzia o evento falou de sua emoção por receber Walter Firmo naquela noite. Ao concluir identificou-se: chamava-se João Wainer, era neto de Samuel e, pela primeira vez, ouvia aquela estória sobre seu avô e Walter. Houve um silencio logo depois.

Firmo, terminando a palestra, dirigiu a João palavras de carinho e incentivo, mantendo a difícil condição de olhos nos olhos e não dispensando um leve afago no ombro do anfitrião. Era a força do movimento impulsionador de Samuel Weiner de décadas atrás, que renascia em Walter e que ele nunca tinha esquecido. Era a Roda de Samsara que recomeçava ali seu movimento ininterrupto, movendo sutilmente aquelas vidas de diferentes gerações.

O que aconteceu ao Ronaldinho?

MARIZA RAJA

Por uma jogada do destino, um acidente, ele perdeu o que o alçava ao Olimpo.

À morada dos deuses, lugar em que os mortais vivem a fantasia de se tornarem imortais. Onde o poder é inebriante e sedutor, mas traz escondida a vulnerabilidade a que fica exposto o ser humano em qualquer situação da vida.

Ronaldinho por um desejo incontido errou o passe, pisou na bola, escorregou e caiu ao correr atrás do objeto desejado. E com isto deixou de fora os seus pés de barro, que se espatifaram e desabaram na poeira levantada pelo tombo.

Atordoado com o drible mal dado, e arrependido, tentou colar os pés, não deu certo, ficando um remendo mal feito e visível levando-o a um julgamento preconceituoso e galhofeiro por parte da mídia e dos seus torcedores.

Ao ser expulso do Olimpo como homem comum, não obteve o perdão e seu pecado tornou-se maior quando correu o mundo.

Suas fotos estampadas nos jornais mundiais, não lembram aquele Ronaldo saudável, risonho e feliz, mas mostram um homem fora do seu perfil de atleta, tristonho e humilhado.

E assim, temos a impressão de que este chute para fora estancou o jogo e proibiu a bola de rolar.

Portanto, meu caro leitor, pergunto-me: O que aconteceu ao Ronaldo?
Ao atleta que devido a sua arte e habilidade com a bola, recebeu o codinome de “Fenômeno” e legou-nos a nós brasileiros, tantos títulos e alegrias.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Abril em destaque

Fabio Bastos

O mês de abril foi pródigo de notícias fornecendo farto material para jornalistas e cronistas. Começou com o tenebroso caso do assassinato da menina Isabela. O pai e a madrasta, principais suspeitos do crime, alegam inocência e acusam uma misteriosa terceira pessoa que teria entrado no apartamento sem deixar vestígios. Provas técnicas e depoimentos comprometem o casal e são contestadas por seus advogados. Já condenados pela opinião pública eles irão enfrentar um longo e desgastante duelo judicial entre promotoria e defesa. Apesar da falta de evidências, torço para que a tal terceira pessoa realmente exista e seja encontrada, pelo bem dos outros filhos do casal.
No sul do país um padre aventureiro resolve voar carregado por balões de gás. Uma mudança repentina no tempo muda o rumo dos balões e o destino do padreco voador. Desaparecido no oceano sua alma subiu aos céus enquanto seu corpo desceu ao fundo do mar servindo de comida para peixe. O curioso é que ele levava “a bordo” um aparelho de GPS, mas não sabia utilizá-lo. É como se um analfabeto carregasse um livro ou um surdo-mudo um aparelho de rádio.
O solo da nossa pátria amada foi sacudido por terremotos e ciclones tropicais. Que venham agora os tsunamis. Na área financeira fomos agraciados com o cobiçado investment grade que recomenda investimentos estrangeiros no Brasil. A agência americana responsável afirma que a economia brasileira nunca esteve tão bem, para gáudio do nosso presidente fanfarrão que só não emplaca um terceiro mandato se realmente não quiser.
Da Europa vem a macabra notícia que um austríaco teve sete filhos com a própria filha trancafiada num porão da casa onde viviam. Pobres crianças que não sabem se chamam o canalha de papai ou de vovô. Ainda no velho mundo morre aos 102 anos o químico suíço que inventou o LSD. Ao criar a droga para fins medicinais ele não imaginava que iria proporcionar viagens alucinantes a uma geração “paz e amor”.
De volta ao Brasil temos a notícia mais surpreendente do mês, nosso craque fenomenal se envolve com travestis num motel na Barra da Tijuca. Alegou que na escuridão da noite não notou que a tal Andréa era de fato André. Acostumado a pegar modelos ele agora abre uma nova opção para seus casos amorosos. O terceiro sexo está animado com a perspectiva. Ele ainda tentou se explicar afirmando que é espada, mas o que ele fez é como batom na cueca, não tem explicação.
Já entrando em maio tivemos no Maracanã uma cena inusitada na festa do bicampeonato do Flamengo: o técnico rubro-negro, maior ídolo da torcida, deixa o clube vitorioso e consagrado. Estamos acostumados a ver técnicos serem enxotados pela porta dos fundos dos clubes responsabilizados pelo fracasso.
No mesmo dia na orla carioca o esperado confronto de passeatas acabou não acontecendo. Os fascistas da Caminhada pelo Direito da Família derrotaram por W.O. os vapozeiros da Marcha da Maconha, impedida de sair por decisão judicial. A Marcha apertou, mas não acendeu.