CARMEN FONTOURA
Coisa estranha! Muitos me adoram. Muitos me detestam. Alguns tentam me esconder, mas não consigo passar despercebido em nenhum ambiente. Sempre sou necessário, sempre existe alguém que precisa de mim, nem que seja para permanecer acordado. Ou para não sujar as mãos.
Os mais educados, seguidores da etiqueta, acham-me desprezível. Os hipócritas me usam escondido. Os escancarados não estão nem aí, usam-me, abusam de mim e, se for possível, me reaproveitam. Há ainda os tímidos, que só me usam sozinhos, no escuro e de porta fechada, ou melhor, trancada.
Minha origem é remota. Desde antes da Antiguidade. Posso ser feito de diversos materiais, mas, tradicionalmente, sou de madeira. E bem cara de pau! Nem ligo para o que pensam de mim, estou presente em quase todas as mesas.
Freqüento os mais variados locais, passeio por todas as camadas sociais. Não tenho preconceito. Estou sempre disposto a ajudar a todos. Faço sempre o serviço sujo. Algumas vezes, só eu posso resolver o problema. Tenho muitos usos e funções. Limpo e espeto. Unha e carne. E dente.
Às vezes, utilizam meu nome para xingar alguém. Quanta injustiça! E não precisa ser anoréxico nem bulímico. Faço sucesso entre as modelos e manequins. Todas querem se parecer comigo. Outras vezes, batizo coisas engraçadas. O desenho que nomeio é a forma mais rudimentar de representação humana. E agora, na era da informática, qualquer um pode fazer animação comigo. As crianças me adoram, principalmente, no sorvete. Até em pilhas estou presente.
Já sabe quem sou eu? Fala baixo. Aí vem a dentista que quer me trocar pelo fio dental. Ela diz que ele é bem melhor e ainda remove a placa. Quero ver ela espetar um queijinho na hora da cervejinha..
Fininho, mas duro, sempre pronto pro serviço. Palito, às ordens. Tudo de bom!!...
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