terça-feira, 25 de setembro de 2007

NO CALÇADÃO DO LEBLON

Fernando Thadeu

No calçadão do Leblon avistei a morena. Morena menina, pele bronzeada, cor de canela, cor da Bahia, corpo escultural, que amor, que beleza, que beleza de mulher. Seu corpo desnudo, sua boca, seu tudo, que esplendor. O sol no seu rosto, seu cheiro, seus contornos, seus lábios de mel. Que menina, que mulher. Sinto o desejo emanando de todo o meu corpo. Seus cabelos molhados, despenteados, lábios cor de romã.

Bebo uma água de coco, mas não tiro os olhos dela. Seu corpo magnífico me enlouquece de desejo. Fico em estado de êxtase e contemplação. É evidente que ela percebeu que eu não paro de olhar para ela. Está apenas dissimulando. A praia está vazia, o mar sereno e límpido. Jogou os cabelos para trás e para frente, como as mulheres fazem ao sair do mar, depois de um mergulho, num gesto calculado e cheio de graça. Tento imaginar suas preferências, seus planos, seus sonhos, seus gostos. Imagino milhões de situações: Aposto que gosta, entre outras coisas, de literatura, de poesia, de música, que, afinal de contas, enriquecem e alimentam o nosso espírito e iluminam e dão sentido às nossas vidas. Gostaria de ser o seu escultor.

Venço a timidez e me aproximo. Depois das apresentações de praxe, falamos sobre várias coisas. Coisas sérias e coisas banais. Falamos sobre a vida, sobre o amor, sobre as paixões, sobre encontros e desencontros, casamentos e separações.

Conversamos também a respeito da nossa cidade maravilhosa que infelizmente, apesar de toda a sua beleza, está completamente abandonada, suja, maltratada, com meninos cheirando cola pelas ruas, mendigos urinando pelas esquinas e dormindo sob as marquises da cidade, com várias ruas sem iluminação e cheias de buraco, que são verdadeiras crateras, do trânsito caótico que temos que enfrentar todos os dias, do crescimento desordenado das favelas, etc. Falamos até da verdadeira indústria de multas de trânsito que existe na nossa cidade, e ela me contou que já foi assaltada mais de uma vez ao parar o carro nos sinais de trânsito. Enfim, parece que já nos conhecemos há muitos anos.

Estuda Direito, malha numa academia, faz yoga três vezes por semana, gosta de dança de salão, diz que morou e estudou dois anos na França. Fala francês fluentemente, não come carne, nem doce nem bebe refrigerante. Não dispensa nenhum tipo de salada e só come arroz integral. Gosta de filosofia, arquitetura e literatura (adora ler romances, crônicas e contos) e não faz planos para o futuro. Simplesmente deixa a vida rolar.

Suas pernas são lindas e bem torneadas. Ela tem uma elegância discreta, uma pele macia, um corpo sensual e um sorriso absolutamente cativante. Tem um olhar atraente e meigo. Vislumbro os seus seios, através do sutiã. Tem a pele bronzeada e o rosto sorridente. Não, não há nada igual.

Aparentemente, parece ser o tipo de mulher que é ao mesmo tempo amante, amiga, companheira, felina, a mulher ideal. Ela fala baixinho, sussurra palavras no meu ouvido e sorri sutilmente. Adora cinema; Gosta de ouvir, Caetano, Chico, Nana, Bethânia, Marisa Monte, João Gilberto, Milton e Roberto, enfim, a boa, maravilhosa e inigualável MPB.

Caminha pelo calçadão todo o dia, de preferência pela manhã, tendo como cenário a limpidez e a beleza do mar do Leblon.

Tento decifrá-la, mas não consigo. Mas, não tenho dúvidas. Essa mulher é um deslumbre, é mais do que aquilo que o poeta sonhou. Ela é daquelas mulheres que brilham, que tem luz própria, que chamam a atenção, mesmo sem querer. Ela é luz, é estrela. E céu que ilumina a noite pagã.

Menina mulher, mulher menina, desejo que me escraviza e me enlouquece. Amante e rainha, filha do sol, do mar e da esperança. No final do dia trocamos telefone, nos abraçamos e nos beijamos na boca, longa, carinhosa e libidinosamente. Saio dali assobiando, rindo e cantando, feliz da vida. Vou contar ansiosamente, os minutos e os segundos que faltam para nosso encontro de hoje à noite.

Um comentário:

Fabio Bastos disse...

Fernando
O parágrafo que fala que a cidade maravilhosa está abandonada não tem nada a ver com o resto do texto. Está sobrando.
Nas próximas postagens coloque o título no lugar apropriado e o texto em baixo.
Continue prestigiando o blog.
Abs
Fabio