domingo, 23 de setembro de 2007

DIÁLOGO DE DOIS MATUTOS

Por Sergio Medina Quintella

[Os dois agachados embaixo de uma frondosa árvore no pasto da fazenda:]
-Oh Zé !
-Eh cumpadi!
-I as coisa cuméquivão?
-Pelejano, né cumpadi?
-Seu fio ficô bão da barriga?
-Ói, ficô bão memo, cumpadi
- E que qui cê deu pr’ele?
-Ué, as coisa qui Mariquinha falava pra dá
-Mas cumpadi, ondi ocê arrumou as coisa?
-Ué, nós fúmu no benzedero, eu e a muié
- Intão cês andaro muito.
-Cumpadi, eu acalculo umas seis légua
-I u minino também foi?
-Foi, né cumpadi? Cumé que nóis ia tratá dele longi?
-Óia, nós sabe que o benzedero trata das pessoa de longe memo.
-Mas nóis não tinha com quem deixá,Zé
[ Zé tira do bolso a palha de milho, o fumo de rolo de um saquinho de couro, espalha um pouquinho, enrola, passa cuspe na borda, fecha o cigarro e acende.Dá a primeira baforada pr’á cima, estica as pernas e retoma a posição:]
-Cumpadi, duma coisa pra outra
-Ocê podi falá Zé,
-Tô me alembrano.......Ocê conseguiu trepá naquela disgramada qui ocê tem na sua casa?
-Num é que consegui?
-Mas cumpadi cumé que conseguiu?
- De premero, fui logo garrano
-Dispois, bracei ela e chamei no peito e botei força
-Dispois fui fazeno assim e assim e assim e assim...
- Mas cumpadi, ocê num machucô?
-Machuquei não, Zé. De premero cumecei pelos pé e fui subino, mas a danada é arta, e eu num oiei muito não.
-Mas Zé vô ti dizê uma coisa: Cheguei no mei’dela mei cançado, purquê ela sacudia prumodi di fazê eu largá dela.
-Discunjuro Cumpadi !
-Óia Zé, chegô num ponto que disisti de trepá
-E que que ce fez cumpadi?
-Óia Zé, gritei a muié i pidi pr’ela trazê a escada.
-A mangueira era arta dimais...

2 comentários:

Myrinha disse...

Querido Amigo Sérgio Quintela,

Você me surpreende a cada "flash" !
Adorei o "Diálogo de Dois Matutos".

Por favor não se esqueça de me convidar para o lançamento do livro de crônicas.

Você está um show!
PARABÉNS !!!
beijo grande
Myrinha

Unknown disse...

Adorei a cronica"DIALOGO DE DOIS MATUTOS"

E muito legal,e envolvente...