quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Meu Primeiro Amor

Ele chegou na minha vida de uma forma inesperada. Sempre o desejei. Mas era tudo tão difícil. Será que ainda poderia conquistá-lo com essa idade? Sonhava com ele desde os meus 18 anos. Só aconteceu aos 39. Era uma mistura de prazer e medo. Nem sabia como me deixar levar por ele. Deixava-o num canto parado. E pensava: “Como vamos sair juntos?”. Depois de tanta luta. Tanta ousadia. Não poderia fazer dele um brinquedo. Teria que assumi-lo a qualquer custo.

Nós nos encontramos por acaso. Por um capricho do destino. Traída e deprimida, não queria ficar sofrendo. Resolvi sair da fossa presenteando a mim mesma. Fui até uma loja a procura de um mimo. Precisava ser feliz outra vez. Não que um objeto pudesse substituir uma pessoa. Apenas pretendia ser a dona da própria felicidade. Sem depender de ninguém para isso. Então segui em frente. E dei de cara com ele. Lindo. Fiquei paralisada. O vendedor me disse que estava sozinho.

Aproveitei para saber tudo a seu respeito. Como era? O que fazia? Valia à pena ficar com ele? As pessoas ali o conheciam. Sabiam como deveria me comportar para tê-lo junto a mim. Foi amor à primeira vista. E meu coração dizia que ele já era meu. Segui adiante sem pensar no depois. Não importava o quanto me custaria para ficar ao seu lado. Qualquer sacrifício valeria a pena desde que fosse meu companheiro. Do jeito que se exibia. Era um fato. Ele também me queria.

Fiz amizade com as pessoas daquele lugar para voltar a vê-lo mais vezes. E apesar de toda minha paixão não me precipitei. Fui me aproximando devagar até tomar a decisão. Ele me seduzia. Me encantava. Era novinho e cheiroso. E queria compromisso. A coisa foi ficando séria. Então não resisti. Levei-o para casa e me entreguei de corpo e alma. Nem preciso dizer o que aconteceu depois. Mudei para melhor e todos notaram. Já se passaram dois anos e meio. E vivemos muito bem, obrigada.

Como nada é perfeito tivemos alguns desencontros. Minha ansiedade causou danos. Feri meu querido. Por um período ficaram as marcas. Até que consegui apaga-las. Isso aconteceu porque ele não me escutava. Parava no meio da rua quando eu estava estressada. Queria mostrar que estava errada. Foi doloroso aprender a lidar com ele. Demorei a me sentir segura. E isso era fundamental para alcançarmos o que temos hoje. Muito carinho e cumplicidade. Eu o chamo de meu bebe. Mas é ele quem me carrega no colo. Meu primeiro e inesquecível carro.
Rosária Farage

2 comentários:

Ana Lúcia Prôa disse...

Rosária, que saudade desse texto! Lembro direitinho da noite em que vc leu na Oficina 1, mantendo a atenção de todos com o suspense e surpreendendo no final. A-D-O-R-O esta crônica!!!!!!!! Beijos grandes!

Fabio Bastos disse...

Rosaria
A Ana tem razão. Esse texto marcou sua presença na 1a. oficina. Uma boa contribuição para o blog.
Bjs
Fabio