Por Ana Lúcia Prôa
Vinte e quatro de fevereiro de 2057. Sopro as velinhas que registram a minha nova idade: 88 anos. Sinto-me ótima! Jamais poderia imaginar que envelhecer fosse tão bom assim. Tenho à minha volta, além da minha família, a maioria dos meus amigos de juventude. Todos exibem a mesma fisionomia feliz que a minha. Somos saudáveis e ativos, e ainda temos uma longa estrada a percorrer pela frente. Agora que a expectativa de vida no Brasil beira os 130 anos, nos sentimos na flor da idade!
Lembro com pesar de minha mãe, no início do século XXI, que possuía uma caixa cheia de remédios. Mais ou menos 15 para tomar diariamente, que cuidavam de seu coração, de sua pressão, de seu estado emocional, de suas articulações, de sua memória e por aí vai. Lembro também de minha mãe andando pelas ruas com passos desequilibrados, enxergando mal e sentindo a maior dificuldade para subir uma simples calçada! E olha que ela tinha 70 anos... Uma garotinha em comparação à minha idade atual. Mas agora, graças aos avanços da Medicina, envelhecer se tornou um fardo levíssimo de se carregar.
A primeira descoberta que os cientistas fizeram foi a de que a mente era a responsável por tudo o que nos acontecia. Então, trataram de desenvolver um chip que, uma vez implantado sutilmente sob a pele, envia comandos de positividade para o cérebro. Assim, à medida que as pessoas vão envelhecendo, sentem-se felizes, e não tristes, por verem sua pele enrugando, seus cabelos encanecendo. E esse estado de ânimo positivo faz com que seus organismos permaneçam saudáveis. Nada de diabetes, nada de artrite e artrose, nada de osteoporose, nada de catarata! Ainda assim, para aqueles idosos mais resistentes aos efeitos do chip, pesquisadores desenvolveram uma única pílula – sim, uma única pílula! – capaz de prevenir e curar todos esses males comuns a quem envelhece.
O aumento da expectativa de vida também se deveu a outros fatores: à descoberta da cura do câncer e da Aids, ao controle da epidemia de obesidade, à diminuição vertiginosa da violência, ao aumento impressionante da direção consciente e, acima de tudo, ao freio que os cientistas conseguiram exercer sobre os efeitos catastróficos que o aquecimento global estava prestes a ocasionar. Numa ação conjunta com 100% da humanidade, diversas medidas foram tomadas para evitar a emissão de gases poluentes e para conter o desmatamento. A campanha dos governos de todos os países foi tão eficaz que teve adesão plena. E, para culminar, os cientistas conseguiram desenvolver uma tecnologia que recompôs os buracos na camada de ozônio.
Ah, se minha mãe ainda estivesse viva para ver tudo isso... Para participar de minha festa... O dia está lindo, com temperatura muito agradável, como é comum naquele ano de 2057. E eu ali, cercada por meus amigos, meu marido, minhas filhas, meus netos e até um bisnetinho de colo, ouvia o Parabéns Pra Você muito orgulhosa, por poder estar participando de um Brasil melhor, de um mundo melhor. Ao soprar as velinhas, fiz o pedido:
“Que eu ainda viva muitos anos para curtir tanta felicidade com saúde, alto astral, bem-estar, sensação de segurança e liberdade como sinto agora, nos meus 88 anos!”
Em 2057, este pedido será facilmente atendido.
Vinte e quatro de fevereiro de 2057. Sopro as velinhas que registram a minha nova idade: 88 anos. Sinto-me ótima! Jamais poderia imaginar que envelhecer fosse tão bom assim. Tenho à minha volta, além da minha família, a maioria dos meus amigos de juventude. Todos exibem a mesma fisionomia feliz que a minha. Somos saudáveis e ativos, e ainda temos uma longa estrada a percorrer pela frente. Agora que a expectativa de vida no Brasil beira os 130 anos, nos sentimos na flor da idade!
Lembro com pesar de minha mãe, no início do século XXI, que possuía uma caixa cheia de remédios. Mais ou menos 15 para tomar diariamente, que cuidavam de seu coração, de sua pressão, de seu estado emocional, de suas articulações, de sua memória e por aí vai. Lembro também de minha mãe andando pelas ruas com passos desequilibrados, enxergando mal e sentindo a maior dificuldade para subir uma simples calçada! E olha que ela tinha 70 anos... Uma garotinha em comparação à minha idade atual. Mas agora, graças aos avanços da Medicina, envelhecer se tornou um fardo levíssimo de se carregar.
A primeira descoberta que os cientistas fizeram foi a de que a mente era a responsável por tudo o que nos acontecia. Então, trataram de desenvolver um chip que, uma vez implantado sutilmente sob a pele, envia comandos de positividade para o cérebro. Assim, à medida que as pessoas vão envelhecendo, sentem-se felizes, e não tristes, por verem sua pele enrugando, seus cabelos encanecendo. E esse estado de ânimo positivo faz com que seus organismos permaneçam saudáveis. Nada de diabetes, nada de artrite e artrose, nada de osteoporose, nada de catarata! Ainda assim, para aqueles idosos mais resistentes aos efeitos do chip, pesquisadores desenvolveram uma única pílula – sim, uma única pílula! – capaz de prevenir e curar todos esses males comuns a quem envelhece.
O aumento da expectativa de vida também se deveu a outros fatores: à descoberta da cura do câncer e da Aids, ao controle da epidemia de obesidade, à diminuição vertiginosa da violência, ao aumento impressionante da direção consciente e, acima de tudo, ao freio que os cientistas conseguiram exercer sobre os efeitos catastróficos que o aquecimento global estava prestes a ocasionar. Numa ação conjunta com 100% da humanidade, diversas medidas foram tomadas para evitar a emissão de gases poluentes e para conter o desmatamento. A campanha dos governos de todos os países foi tão eficaz que teve adesão plena. E, para culminar, os cientistas conseguiram desenvolver uma tecnologia que recompôs os buracos na camada de ozônio.
Ah, se minha mãe ainda estivesse viva para ver tudo isso... Para participar de minha festa... O dia está lindo, com temperatura muito agradável, como é comum naquele ano de 2057. E eu ali, cercada por meus amigos, meu marido, minhas filhas, meus netos e até um bisnetinho de colo, ouvia o Parabéns Pra Você muito orgulhosa, por poder estar participando de um Brasil melhor, de um mundo melhor. Ao soprar as velinhas, fiz o pedido:
“Que eu ainda viva muitos anos para curtir tanta felicidade com saúde, alto astral, bem-estar, sensação de segurança e liberdade como sinto agora, nos meus 88 anos!”
Em 2057, este pedido será facilmente atendido.
Um comentário:
Amém! Bela crônica. Que sua ficção vire realidade e faça um mundo melhor para nossos filhos e netos.
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