sexta-feira, 9 de maio de 2008

Tribo TÓNEMAÍ

Pedro Widmar
Recentemente tem aparecido nas paginas dos diários, a Reserva Ianomâmi. Trata se de uma área de 97 km2 demarcada para uso exclusivo, dos ianomâmi (cerca de 3 mil pessoas) , e de acesso impedido à Policia Federal ou as forcas armadas. Estranho? Isso mesmo.
Mas enquanto em uma parte do continente um governo cede terra em quantidades abundantes para uso exclusivo de uma pequena parte de seus sujeitos, em outra, os cidadãos brigam pela separação efetuando até referendos para o direito de se organizar independentemente. (referendo de Santa Cruz de la Sierra)
O fato é que na Bolívia, foi votado recentemente se o estado de Santa Cruz deveria ou não ser autônomo até certo ponto. Basicamente, uma maioria do estado se organizou (isso mesmo gente acontece), e em uma forma de protesto ao Governo federal de Evo Morales, votou se queria continuar sobre o domínio do país. Mas por que esta longa historia de dominio de terra e independência? Bom, depois de ler o jornal do domingo e ver todas as acusações de improbidade e corrupção pensei, “Ora bolas, então deveríamos fazer isto aqui.”
Talvez o estado inteiro é ambicioso demais, mas pelo menos a cidade do Rio. Imagina só. Uma reserva independente do resto do pais! Seriamos do tamanho de Mônaco, ou Liechtenstein, um mero caroço de azeitona na grande pizza que é o Brasil.
Os bolivianos de Santa Cruz acreditam que com a autonomia vão conseguir se administrar de forma mais rápida e eficaz, pois não terão que esperar o governo para pagar seus empregados, ou contratar e aprovar obras. Parece o tipo de solução ideal para um estado que tem 90% da riqueza e ainda caminha como uma economia de quinto mundo. É justamente neste contexto que argumento uma divisão entre nossa cidade e o Brasil.
O único problema agora é como efetuar um voto. O Rio não se reúne nem para manifestar contra o direito de se manifestar! Exemplo: Marcha da Maconha, onde os direitos mais democráticos que temos (de manifestação) foram completamente esculachados, sem a mínima reação do povo.
Mas será mesmo que precisamos de um voto? Perai, a única coisa que precisamos é de uma tribo de índios e o governo nos cederia a terra gratuitamente! Isso mesmo, mas onde encontrar índios aqui? Talvez nem precisamos. Para muitos a tribo dos ianomâmis nem existe, especialmente já que nenhum dos índios assentados na reserva se chama de ianomâmi, e de fato pertencem a quatro ou mais tribos diferentes. Então, esta decidido, meus caros cariocas, se alguém te perguntar, você não é mais negro, branco, ou europeu. Só precisamos fingir um pouco. Daqui em diante somos todos da tribo TÔNEMAÍ. Inventei agora mesmo. A tribo TÔNEMAÍ: unidos para um Rio de Janeiro independente.

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Recentemente o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, sugeriu que se cortássemos o leite e feijão das estatísticas a previsão de inflação do Brasil abaixaria ,6%. Como se o café com leite de manha e o feijão de almoço fossem itens dispensáveis à cultura brasileira. Não sei não, acho que precisamos mesmo é cortar a Mantega.

3 comentários:

Therezinha Mello disse...

Caro Pedro,

Adorei seu retorno. Os toques de humor estão ótimos. O parágrafo sobre o Mantega está na medida certa. Talvez a Tribo Tonemaí possa ser mais "enxuta", o que vc acha?

Sds, The

Fabio Bastos disse...

Pedro
Excelente a crõnica, muito bem estruturada e com um desfecho ótimo.
Excelente tb a parte gramatical. Digna de um nativo da tribo dos Tônemaí.

Fabio

Maria Teresa disse...

Oi Pedroca,
você está em franco progresso, não só como escritor, mas principalmente, como observador mordaz.
Além de brasileiro é também "brasilianista"?
ADOREI!
Abraço,