Fabio Bastos
O mês de abril foi pródigo de notícias fornecendo farto material para jornalistas e cronistas. Começou com o tenebroso caso do assassinato da menina Isabela. O pai e a madrasta, principais suspeitos do crime, alegam inocência e acusam uma misteriosa terceira pessoa que teria entrado no apartamento sem deixar vestígios. Provas técnicas e depoimentos comprometem o casal e são contestadas por seus advogados. Já condenados pela opinião pública eles irão enfrentar um longo e desgastante duelo judicial entre promotoria e defesa. Apesar da falta de evidências, torço para que a tal terceira pessoa realmente exista e seja encontrada, pelo bem dos outros filhos do casal.
No sul do país um padre aventureiro resolve voar carregado por balões de gás. Uma mudança repentina no tempo muda o rumo dos balões e o destino do padreco voador. Desaparecido no oceano sua alma subiu aos céus enquanto seu corpo desceu ao fundo do mar servindo de comida para peixe. O curioso é que ele levava “a bordo” um aparelho de GPS, mas não sabia utilizá-lo. É como se um analfabeto carregasse um livro ou um surdo-mudo um aparelho de rádio.
O solo da nossa pátria amada foi sacudido por terremotos e ciclones tropicais. Que venham agora os tsunamis. Na área financeira fomos agraciados com o cobiçado investment grade que recomenda investimentos estrangeiros no Brasil. A agência americana responsável afirma que a economia brasileira nunca esteve tão bem, para gáudio do nosso presidente fanfarrão que só não emplaca um terceiro mandato se realmente não quiser.
Da Europa vem a macabra notícia que um austríaco teve sete filhos com a própria filha trancafiada num porão da casa onde viviam. Pobres crianças que não sabem se chamam o canalha de papai ou de vovô. Ainda no velho mundo morre aos 102 anos o químico suíço que inventou o LSD. Ao criar a droga para fins medicinais ele não imaginava que iria proporcionar viagens alucinantes a uma geração “paz e amor”.
De volta ao Brasil temos a notícia mais surpreendente do mês, nosso craque fenomenal se envolve com travestis num motel na Barra da Tijuca. Alegou que na escuridão da noite não notou que a tal Andréa era de fato André. Acostumado a pegar modelos ele agora abre uma nova opção para seus casos amorosos. O terceiro sexo está animado com a perspectiva. Ele ainda tentou se explicar afirmando que é espada, mas o que ele fez é como batom na cueca, não tem explicação.
Já entrando em maio tivemos no Maracanã uma cena inusitada na festa do bicampeonato do Flamengo: o técnico rubro-negro, maior ídolo da torcida, deixa o clube vitorioso e consagrado. Estamos acostumados a ver técnicos serem enxotados pela porta dos fundos dos clubes responsabilizados pelo fracasso.
No mesmo dia na orla carioca o esperado confronto de passeatas acabou não acontecendo. Os fascistas da Caminhada pelo Direito da Família derrotaram por W.O. os vapozeiros da Marcha da Maconha, impedida de sair por decisão judicial. A Marcha apertou, mas não acendeu.
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6 comentários:
Caríssimo coordenador,
parabéns! Sua crônica, como sempre, mistura drama, comédia e sarcasmo.
Como diria o mestre Novaes "está digna de uma antologia".
Abração e até dia 20.
Mª Teresa
Oi Fábio!
Esta crônica ficou muito gostosa de ler. É perfeita quando oferece ao leitor a oportunidade não só de dar uma panorâmica sobre os fatos, como de refletir sobre eles. E eu ainda tive a satisfação de fazer a leitura para o grupo! Parabéns!
The
Caro Fabio,
Sua crônica sobre fatos da semana, está ótima. Cada assunto daria uma crônica, mas vc com sua criatividade foi ao mesmo tempo suscinto e brilhante, passando das tragédias ao humor com maestria. Não foi a toa a sua escolha como Coordenador da nova Oficina Informal!
Um abraço
Fabio,
Grande crônica, abordando assuntos que foram tema do noticiário esta semana. Cada assunto daria uma crônica, mas vc conseguiu em uma só dar tratos a criatividade, e suscinto, foi igualmente brilhante.
Por isso vc foi escolhido o coordenador da Oficina Informal!
GRANDE FÁBIO!!!!! Adorei o final, rsrsrs... (Pô, queria tanto participar da Oficina informal...)
Beijos orgulhosos do novo coordenador,
Ana Prôa
Fiz o comentário sobre o Joel Santana antes do desastre para os mexicanos. Ele acabou saindo derrotado, como é normal no futebol. Se fosse malandro teria ido embora após o bicampeonato e não teria pago o mico do ano.
Sds rubronegras
Fabio
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