quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

A César o que é de César

Fabio Bastos

Dessa vez foi o Corinthians, mas Botafogo, Fluminense, Palmeiras, Grêmio, Atlético Mineiro e outros tradicionais clubes brasileiros já passaram por isso. Ia chamá-los de “grandes” clubes brasileiros, mas nossos clubes só são grandes nas suas dívidas. Estou falando de rebaixamento e do que acontece com o clube após o desastre consumado.
O primeiro a dançar é o técnico, que perde o emprego, mas se livra do rebaixamento. Com um pouco de sorte pode reaparecer num clube da primeira divisão. A seguir vem a famosa lista de dispensa de jogadores. Eles saem com o prestígio abalado, mas logo ninguém mais se lembra que foram culpados pelo vexame. Seus empresários os oferecem como “craques experientes” num mercado infestado por cabeças de bagres. Assim como o técnico eles podem permanecer na mesma divisão livrando-se também do rebaixamento. Vide o Obina que virou ídolo no Flamengo enquanto o Vitória ralava na segundona. Livres do técnico e dos jogadores os dirigentes tratam de negociar novos “craques” para reestruturar o time, e colocar algum no bolso. Estão pouco se lixando para o clube, quando muito tentam armar uma vergonhosa virada de mesa. Quem então é verdadeiramente rebaixado?
Acertou quem respondeu o infeliz do torcedor, o único que não pode mudar de clube. Torcedor muda de mulher, de emprego, de casa e até de sexo, mas nunca de time - o único que me lembro que mudou e assumiu foi o Chico Anísio. Arquibaldos e geraldinos é que pagam o pato e são sacaneados pelas torcidas rivais. É justo que logo os que têm amor pelo clube sejam castigados pela incompetência alheia? Qual a solução para corrigir tamanha injustiça futebolística?
Técnico e jogadores que rebaixaram o clube deveriam ser proibidos de atuarem na divisão da qual foram rebaixados. Podem até se transferir para o exterior, mas ficando no Brasil teriam que conquistar no campo o direito de voltar para onde estavam. A proibição ficaria registrada no prontuário de cada um e seria uma cruz que teriam que carregar. Eles iriam espernear, dizer que é ilegal, inconstitucional, etc. Pode até ser, só não é injusto. Mas como nesse país impera a impunidade, nada disso vai acontecer. Só me resta então solidarizar-me com a imensa torcida corintiana na sua dor e torcer por seu breve retorno à primeira divisão.
Janeiro 2008

5 comentários:

Beatriz disse...

Muito boa, Fabio! Confesso que comecei a ler com um pouco de preguiça - já que futebol não é a minha praia. Mas, ri um bocado com a sua tirada do torcedor. lembrei do pai de um amigo que é América, o Inferno vermelho. rsrsrsrsr

Ana Lúcia Prôa disse...

Mais um gol do meu cronista querido!!!!!!!!!! Sei bem a dor que é ser uma torcedora não apenas de segunda divisão, MAS DE TERCEIRA TAMBÉM...

SAUDAÇÕES TRICOLORES!

Arthur disse...

Como a Ana, torço pelo clube que conseguiu ser rebaixado três vezes consecutivas.
A vingança de torcedor tem todo meu apoio.

Therezinha Mello disse...

Muito boa Fábio! É um nicho que dá muito o que falar! Parabéns!
The

Carlos Melo disse...

Fábio, o texto está excelente, como sempre. O chato foi você trazer-me lembranças que gostaria de apagar da memória e da história. Solidarizo-me com a Ana e o Artur: saudações tricolores.