Therezinha Mello
Quero a deselegância das cores descasadas.
E as estampas misturadas com xadrez.
Quero a graça inusitada que não liga pro mundo.
A escolha sem tendência. O tom que combinar com meu humor.
Quero a harmonia atrevida dos desencontros.
E o exagero que agradar meu coração.
Quero a reles pedra falsa e o romantismo das blusas de crochê.
O que não se usa mais. O que se passa adiante.
Quero os mistérios velados das peças esquecidas.
E a ousadia extravagante, fuleira, popular.
Quero arriscar o gosto duvidoso. A imitação barata. Os paetês.
O Lar Doce Lar. O Seja Bem Vindo dos tapetes.
Quero ouvir a canção do bêbado ao garçom do bar.
E a versão banal do sucesso americano.
Quero a flor de plástico.
A folhinha pendurada na parede.
Que encalhem os saldos das vitrines burguesas.
Quero a moda descartada. A coleção passada.
O chique da empregada.
O démodé que escolhi.
Libertem-se os anões pelos jardins !
Que lhes acompanhem Brancas de Neve de cerâmica ordinária. Sapos e cogumelos.
Que cascas de ovo arrematem as espadas de São Jorge.
E que os pingüins ocupem-se das geladeiras.
Quero a deselegância das cores descasadas.
E as estampas misturadas com xadrez.
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2 comentários:
Esse me emociona sempre. Muito. Vou fazer um quadrinho e colocar na parede, daqueles escritos na madeira, sabe ? Chamo você para descerrar o pano (xadrez com estampas) na inauguração ! O comentário anterior era este mesmo...
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