O Menino e os Anjos
- Vovô, meu pai falou que os anjos não existem, é verdade? – perguntou Pedrinho, um menino de nove anos, ao avô e confidente ocasional.
- Ih! Pedrinho, seu pai está enganado, é claro que os anjos existem. São eles que tomam conta das pessoas – respondeu o avô que tinha como passatempo predileto conversar com o netinho.
- Mas vovô, papai falou que esta história de anjo é igual a do Chapeuzinho Vermelho, que é coisa da imaginação – insistiu o menino, ainda um pouco descrente.
- Pois então, Pedrinho, vou te contar uma história que comprova a existência dos anjos. E tem mais, aconteceu comigo e com o seu pai, este mesmo que está dizendo que os anjos não existem.
- Já sei, vovô! Lá vem você de novo contar histórias do tempo em que meu pai era menino – falou o netinho, que, no fundo, adorava ouvi-las.
- Você tem razão, Pedrinho. É mais uma que vou te contar - rendeu-se o avô – Esta aconteceu quando seu pai tinha também nove anos. Certa vez, ele ficou preso num engarrafamento quando voltava da escola de carro com o tio. Tinha chovido muito, e o trânsito estava parado há mais de uma hora. Seu pai me ligou chorando de soluçar. Fiz de tudo para tranqüilizá-lo pelo telefone e não consegui.
- E onde é que você estava, vovô?
- Ah! Pedrinho, olha os anjos começando a dar sinal de vida! Eu estava saindo do trabalho, no mesmo bairro onde estava seu pai.
- Já até sei! Você foi lá com o seu carro e pegou o meu pai – concluiu apressadamente o menino.
- Ô Pedrinho! Como é que eu chegaria lá de carro se o trânsito estava todo parado?!? Cheguei o mais próximo que pude, estacionei o carro, e comecei a caminhar na direção deles.
- Ih! Vovô, deve ter demorado um tempão para encontrar o papai, né?
- É, Pedrinho, acho que andando eu levaria bem uma meia hora para chegar até lá. Mas, com a ajuda de um anjo, acabei chegando bem mais rápido.
- O que o anjo fez? Levou você voando? – perguntou o imaginativo menino.
- Não Pedrinho, senão eu veria o anjo, e eles devem ficar sempre invisíveis. – disse o avô, preocupado em não desiludir o menino - Na verdade, o que eu vi foi uma bicicleta encostada na frente de uma mercearia, bem ao lado de um rapaz que lá trabalhava, e que parecia ser o dono.
- Vovô, não acredito! Você pegou a bicicleta do moço?
- Claro que não, Pedrinho. Imagina se o seu avô ia fazer uma coisa dessas. Primeiro, perguntei ao rapaz se ele era o dono, e, depois, se poderia me alugar a bicicleta. Contei para ele que precisava buscar meu filho pequeno, que não parava de chorar preso em um engarrafamento ali perto.
- E ele alugou, vovô?
- Melhor do que isso, Pedrinho. Falou que me emprestava a bicicleta. Só me pediu que não demorasse, já que estava quase na hora de fechar a loja. E lá fui eu, de terno e sapato, pedalando por entre os carros parados.
- Papai deve ter adorado quando você chegou para salvá-lo, né?
- Acredita Pedrinho, que seu pai não queria vir comigo? É sério! Ele nunca tinha sido levado de bicicleta sentado no quadro, e tinha medo de cair. Mas, quando se deu conta de que era a única forma de voltar para casa…
- Vocês foram direto para casa de bicicleta? – perguntou, assustado, o menino.
- Não, Pedrinho, ainda estávamos muito longe de casa. Nós voltamos foi para a mercearia. Bem que o rapaz ficou aliviado quando viu a bicicleta de volta.
- Por que, vovô, ele pensou que você não ia devolver?
- Pedrinho, ele nunca tinha me visto na vida, era natural que ficasse com medo de ficar sem a bicicleta. Vai ver que um anjo soprou no ouvido dele que eu era uma pessoa de bem, e, por isso, a emprestou – brincou o avô.
- E você deu algum dinheirinho para ele?
- Não, Pedrinho, ele fez questão de não receber nada. Falou para mim que também tinha um filho, e sabia como eu estava me sentindo.
- Poxa, vovô. Estou começando a acreditar que os anjos existem mesmo.
- É claro que existem, Pedrinho, mas têm um problema: eles são muito dorminhocos e só existe uma maneira de mantê-los sempre acordados.
- E qual é, vovô?
- É muito simples, Pedrinho: fazer o bem sem esperar recompensa. Garanto a você que o anjo da guarda do rapaz da bicicleta vivia sempre acordado.
- Eu também não vou deixar o meu anjo dormir, vovô!
- Isto mesmo, Pedrinho. Faz muito bem. Ah! E da próxima vez que seu pai falar que não existem anjos, relembre esta história para ele, tá?
Arthur Narciso – novembro de 2008
- Vovô, meu pai falou que os anjos não existem, é verdade? – perguntou Pedrinho, um menino de nove anos, ao avô e confidente ocasional.
- Ih! Pedrinho, seu pai está enganado, é claro que os anjos existem. São eles que tomam conta das pessoas – respondeu o avô que tinha como passatempo predileto conversar com o netinho.
- Mas vovô, papai falou que esta história de anjo é igual a do Chapeuzinho Vermelho, que é coisa da imaginação – insistiu o menino, ainda um pouco descrente.
- Pois então, Pedrinho, vou te contar uma história que comprova a existência dos anjos. E tem mais, aconteceu comigo e com o seu pai, este mesmo que está dizendo que os anjos não existem.
- Já sei, vovô! Lá vem você de novo contar histórias do tempo em que meu pai era menino – falou o netinho, que, no fundo, adorava ouvi-las.
- Você tem razão, Pedrinho. É mais uma que vou te contar - rendeu-se o avô – Esta aconteceu quando seu pai tinha também nove anos. Certa vez, ele ficou preso num engarrafamento quando voltava da escola de carro com o tio. Tinha chovido muito, e o trânsito estava parado há mais de uma hora. Seu pai me ligou chorando de soluçar. Fiz de tudo para tranqüilizá-lo pelo telefone e não consegui.
- E onde é que você estava, vovô?
- Ah! Pedrinho, olha os anjos começando a dar sinal de vida! Eu estava saindo do trabalho, no mesmo bairro onde estava seu pai.
- Já até sei! Você foi lá com o seu carro e pegou o meu pai – concluiu apressadamente o menino.
- Ô Pedrinho! Como é que eu chegaria lá de carro se o trânsito estava todo parado?!? Cheguei o mais próximo que pude, estacionei o carro, e comecei a caminhar na direção deles.
- Ih! Vovô, deve ter demorado um tempão para encontrar o papai, né?
- É, Pedrinho, acho que andando eu levaria bem uma meia hora para chegar até lá. Mas, com a ajuda de um anjo, acabei chegando bem mais rápido.
- O que o anjo fez? Levou você voando? – perguntou o imaginativo menino.
- Não Pedrinho, senão eu veria o anjo, e eles devem ficar sempre invisíveis. – disse o avô, preocupado em não desiludir o menino - Na verdade, o que eu vi foi uma bicicleta encostada na frente de uma mercearia, bem ao lado de um rapaz que lá trabalhava, e que parecia ser o dono.
- Vovô, não acredito! Você pegou a bicicleta do moço?
- Claro que não, Pedrinho. Imagina se o seu avô ia fazer uma coisa dessas. Primeiro, perguntei ao rapaz se ele era o dono, e, depois, se poderia me alugar a bicicleta. Contei para ele que precisava buscar meu filho pequeno, que não parava de chorar preso em um engarrafamento ali perto.
- E ele alugou, vovô?
- Melhor do que isso, Pedrinho. Falou que me emprestava a bicicleta. Só me pediu que não demorasse, já que estava quase na hora de fechar a loja. E lá fui eu, de terno e sapato, pedalando por entre os carros parados.
- Papai deve ter adorado quando você chegou para salvá-lo, né?
- Acredita Pedrinho, que seu pai não queria vir comigo? É sério! Ele nunca tinha sido levado de bicicleta sentado no quadro, e tinha medo de cair. Mas, quando se deu conta de que era a única forma de voltar para casa…
- Vocês foram direto para casa de bicicleta? – perguntou, assustado, o menino.
- Não, Pedrinho, ainda estávamos muito longe de casa. Nós voltamos foi para a mercearia. Bem que o rapaz ficou aliviado quando viu a bicicleta de volta.
- Por que, vovô, ele pensou que você não ia devolver?
- Pedrinho, ele nunca tinha me visto na vida, era natural que ficasse com medo de ficar sem a bicicleta. Vai ver que um anjo soprou no ouvido dele que eu era uma pessoa de bem, e, por isso, a emprestou – brincou o avô.
- E você deu algum dinheirinho para ele?
- Não, Pedrinho, ele fez questão de não receber nada. Falou para mim que também tinha um filho, e sabia como eu estava me sentindo.
- Poxa, vovô. Estou começando a acreditar que os anjos existem mesmo.
- É claro que existem, Pedrinho, mas têm um problema: eles são muito dorminhocos e só existe uma maneira de mantê-los sempre acordados.
- E qual é, vovô?
- É muito simples, Pedrinho: fazer o bem sem esperar recompensa. Garanto a você que o anjo da guarda do rapaz da bicicleta vivia sempre acordado.
- Eu também não vou deixar o meu anjo dormir, vovô!
- Isto mesmo, Pedrinho. Faz muito bem. Ah! E da próxima vez que seu pai falar que não existem anjos, relembre esta história para ele, tá?
Arthur Narciso – novembro de 2008
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